domingo, 27 de julho de 2014

BSB


 Na estrada do caminho contínuo, na secura do mundo, da pele, é o vento, é o tempo, o lamento.   
 Margeado pela ciente e incoerente decisão, vejo céus, nuvens e o desalento ao inexistente horizonte, percebo o quão distante estou, das montanhas e verdor, do frio e do calor que diferente daqui não se elucidam.
  Não vejo vales, mas vejo construções, essas, inebriantes e colossais, diria até desumanas, mostram em sua grandeza, e escala descomunal, a perfeita realidade que cerceia a vitalidade da nossa política. O que deveria ser perto, é de inúmeras maneiras longe, o que deveria ser acessível,  é em grande parte inatingível, o que deveria ser básico, é a lúgubre exceção, e por fim o que deveria ser vivo, bem, essa  ainda vejo algo, há salvação.
 Em diversos momentos me causou estranhamento como aquilo que é a representação em forma de cidade do que poderíamos chamar de povo brasileiro, é em tão singulares formas e designações a cidade menos brasileira em que já estive, e quando falo isso, não tomo por reflexo, seus cidadãos ou sua geometria distante e singular que mais separa do que une, mas sim o espirito da própria cidade, que embora belíssima, não permite que o humano, esse para a qual a mesma foi construída, a utilize de forma plena.
 Bom talvez só tenha me faltado um carro, quem sabe com ele eu me sentiria mais humano e em uma cidade mais humana.

 Metal da a estrutura, o concreto a forma, e a calçada, bem, não a vi, nem de um jeito nem de outro.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Poesia


Versos, presos, simétricos, lutadores.
se digladiam pela atenção,
criam a forma e constroem a estrutura.
Insistem em sua personalidade redundante.

é belo, diz o orador.
Inconsistência de sentidos, alucinações de sentimentos.
Razão? definitivamente não!
Poesia é sonhar alto, é a desvirtude da coerência.

Ah,  poesia, seus lamentos não me tocam, me enfurecem.
Sua obscuridade não me amedronta, mas talvez me cure.
Seus desejos? desconheço.
Há coisa mais poética e incoerente do que falar de você em você mesma?

terça-feira, 11 de março de 2014

Palavras



Palavras subscritas  no tempo duradouro.
Letras, dizeres, alucinações pendentes.
Corre pelo tempo reluzente, e conta, e chora.
Bom és tu que não conheces.

Sente o sabor da idade, das histórias e dos fatos,
mente se assim lhe convém, e cria se o vê belo,
transmite e ensina, não que a muitos acrescente.
Bom és tu que nunca será eterno.

Sacia a alma dos famintos do hoje e de outrora.
Crava estacas, fortes e profundas no papel e na alma.
Modifica e preserva, pedra por pedra, virgula por virgula.
Bom és tu que jamais verá

Palavras subscritas no tempo duradouro.
Jamais dirá que sabe, mas mentiras também são ditas.
Derruba impérios, eleva egos, pela sua breve vontade.
Bom és tu que desconheces o que digo.